domingo, 29 de novembro de 2015

Cuja espera infinda ...


Se se converter a saudade em dia,
Se um dia o dia for a saudade,
Sim a própria,
Depois dessas noites límpidas estreladas
De primavera florindo para o amanhecer,
Que narra como um sopro de calma:
Novo, início, recomeço...

A vida estaria em outro lugar
E a saudade também seria um
Lugar,
Aquele em que estivéssemos povoando
Nesse espaço de tempo,
Cada um teria o seu,
Vários repetidos,
Mas cada um com sua
Profunda e minuciosa consideração.

Seria um dia feliz,
Até por que
Só do que é bom
Que se faz
Saudade.

Essa felicidade vem em pedaços,
Flocos,
Fragmentos que esvoaçam
E caem lentamente preenchendo
As horas de tal período,
Coisa pequena
Como pipoca no cinema ou
Passos ao seu lado com os dedos entrelaçados.

Cabe escolher a porção preferida,
Cada qual com a natureza
Que nasce da sua particular ação da vida,

E mesmo que o dia acabe
Não há pressa,
Não acaba,
Não interrompe-se, irrompe,
Você aparece, aquece
Varões frios e
Encanta de alegria a
Saudade do dia
O dia de saudade
Cuja espera infinda.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Me diga ...


Estava meio disperso,
Sentado do lado inverso
Dos músicos que ali soavam.

Desconfortavelmente acocorado,
Mas ao lado
De quem
Pegara a minha mão e
Dedicara a sua atenção,

Pôs em cima do suporte da cadeira,
Prendeu como numa cela e
As minhas unhas deixou todas amarelas,
Com uma caneta que marca texto,

Marcou um dia,
Um momento,
Eu tento
Mas não estou isento
De lembrar a cada instante,
E a cada flash de reminiscências
Mesmo em horas de inverno nebuloso
Meu dia fica um pouco mais brilhante,
Ante uma face
De primavera extemporânea que sorria.

Parecemos estar num lugar
Onde a fala tem se intensificado,
Como se estivéssemos sempre lado a lado,
Como se no seu abraço
Não houvesse espaço,
Nem tempo,
Nem medida,

Me diga,
Teria um nome esse lugar?
Ele seria o nosso lar.


sexta-feira, 31 de julho de 2015

O de repente que subitamente chegou ...



Alguns fragmentos de conversas.
Uns olhares, alguns alcançados e
Imaginara que outros tapados pelo bastião de transeuntes que havia ali.

Não sei se o seu olhar me procurara,
Mas o meu não te encontrara tão cedo,
Fora somente uma vez antes de ficar em evidência,
Onde só não te enxergara os com dificuldades na íris.

Os abraços?
Foram três!

Um mais raro que o outro.
Fora como um dia
Com sua manhã, tarde e noite
Em que cada um escolhe dele a melhor parte.

Dos abraços escolhi o mais demorado, apertado
Sinceramente e
Honestamente
Não sei quem dos dois foi mais fiel
Ao ser envolvido por sua pureza e simplicidade,
Mas veio de quem espero e espera de mim verdade.
Reciprocidade
Seria a palavra.

E fora meio inesperado,
Fora preciso aguardar o de repente que subitamente chegou
Com um suspiro de alívio,
Como algo que estivera marcado para acontecer, porém sem ninguém saber,
Ninguém,
Nem os vocábulos,
Nem os substantivos,
Apenas o verbo.
Sem nenhum inventário Ele sabe tudo
E vem com uma nova a cada pouco no meio do todo.

Sabe, parece que existira mutuamente, gratidão ali
E o coração pulsante dizia clara e constantemente,
Obrigado!
Ao inicio, meio e fim do dia e seus momentos,
Aos abraços raros e dentre eles o mais raro,
Onde um levara ao outro que levara ao outro e
Assim por diante.

E com a mala nas mãos,
A saudade no peito e um belo sorriso no rosto
Partiram cada um pro seu itinerário,
Onde pedindo nós ou não o dia vem mais uma vez,

Escolhamos dele a melhor parte e
Esperemos pelo de repente
Do novo abraço que em breve chegará.


(Verbo = A segunda pessoa da Santíssima Trindade)

terça-feira, 28 de julho de 2015

Dores no relento ...



Invernias sem cobertores,
Sóis sem ventiladores,
Ar sufocado, parado,
Inerte.

Primavera ao longe
Perseguida dentre escolhos,
Fenda, greta, fresta.

E, muito embora seja difícil escolher
Qual a estrada menos latejante
Em virtude das estreitezas e
De noite já escura em plena a
Clareza da tarde que sorria,
Nem pondero um talvez,
Por agora é o dia.

Sou nesta hora um desabrigado
Em busca de alento,
E há um choque
Quando me torno um maltrapilho,
Onde minhas vestes
Não me escondam mais e
Que máscaras não façam mais
Ser eu o que não sou,
Quando me desnudo
Diante do Eu Sou.

Então há esperança
De abraço que aquece invernos,
De brisa leve nos verões,
De passos sem inércia,
De primavera que aflora
Não por fora,
Mas no coração
Que se despiu à Sua chegada.

terça-feira, 21 de julho de 2015

Um texto sem título ...



Porta rangente,
Som do vento, ventilador portátil barato,
Calor der novembro de país tropical.

Uma rosa caída, pus de lado, luz esmaecida,
Livros a torto e a direito são a primavera fresca e colorida
Desse pequeno quarto, terceiro andar.

Na escada passos para trás ou adiante,
Subordinados, ponderação, insubordinados,
Fiascos, tolices, berros, despudor.

Na sacada sem as mãos nas bordas,
Poeira em excesso, excremento de aves.
Sobem de soslaio com a barriga cheia
De petiscos lançados
De transeuntes na avenida lotada,

Adubo do verso, da rosa caída
Que cresce no muro do país tropical,
De primavera colorida.

Na parte sem sol,
A parte escura das vinte e quatro,
As torres em cruz da igreja matriz já iluminam,
Enxergam-me sempre pela janela,
Soergo o pescoço e devolvo o olhar
Um tanto fitado, fitante,
Por um inteiro instante,

Rogante, suave, leve e leva
A madrugada ilimitada,
Intercambiante, choramingando ante
A noite que tece seu principiar.

Fazendo as linhas de um título sem texto,
Isolado, amargurado
Por assim ser, outros não,
Acostumaram-se,

E de um texto sem título
Com um capitulo de uma pagina e meia,
Ora desconexo, ora inteligível,
Ora o elucidário posto de lado
Carece alcançar.

Outrora, mas a pouco os vidros da janela embaçaram,
Da temperatura da cabeça encostada,
Do ar quente da respiração,
Da chateza
Ignorada com a cortina pressionada
Em movimento circular.

Da pra escutar a conversa dos vizinhos
Do andar inferior,
Mas só se escuta claramente uma palavra ou outra,
Logo elas se embaraçam e
Tem-se poucas chances de desfazes o nó
No relento dos vocábulos,

No sereno sem resguardo, frio e
Fria misericórdia dos que passam olhando de canto
A quem dela tão precisando está,
Récita urbana diária, triste realidade,

Labutado ao braçal,
Sobre a terra molhada descalçada,
Chuva, sol,
Poeira dissipando no aguaceiro vertical
Do horizonte.

Me conte
Da tristeza que te esfria
Quando anoitece contra a vontade do seu dia,
Quando é noite,
E seus flashes sobreviventes iluminam
Sem querer do anoitecer,
E amanhece de repente como um presente?

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Sinta-se abraçado disse-me ...



Resplandecendo sua iridescência
Particular,
Diz-se de duas proposições das quais
Uma implica necessariamente a outra,
Logo, esta é uma narrativa que não haveria
Sem a sua presença.

Fala-se de dois conversadores,
Que partilham até suas dores,
Invasores
Vestigos de saudade que invade
Minutos inteiros, dias intensos e vice e versa,
Vivências
De sua fé e um futuro encontro num café.

Falam de abraços e de pouco a pouco
Vão estreitando seus laços,
Partilham seus lapsos,
Experiências das mais diversas,
Direitas e avessas,
Dentre tantas não citadas neste espaço.

Demorado e apertado, inesperado,
Reciprocamente bom, num tom
Que todo timbre cantarola
Sem cansar, sem cessar.

É como um beijo na testa
Que se sente e deixa contente,

Não pelo gesto isolado,
Mas pelo cuidado
Que reflete nas entrelinhas, contudo são linhas
Tênues,
Por vezes invisíveis a olhos nus
Desatentos.

Transbordante, contagiante, instigante
São suas alegrias
Nas prosas do dia-a-dia,

De sorrisos iluminantes que a cada pouco,
A cada instante
Fica um tanto mais brilhante.

Como se fosse um som
Que silencia ruídos indesejáveis,
Acalma a alma de quem alcança e lança
Seu perfume ao vento dizendo
Ainda de lábios fechados
"Mesmo não estando ao meu lado sinta-se abraçado".

É onde hospedara-se ultimamente o arrimo
De meus pensamentos e
Se a alegria fosse um lugar,
Certamente ali seria
Onde se encontrariam
A todo tempo.


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Primeiro passo ...


Pés num lugar belo,
Num belo momento.
Andando pra calar,
Calando
O distanciamento,

Gritando junto ao pulso
Do músculo que derrama vida
Ao corpo que valeu a pena esperar.

imprevisível,
Sem saber como vai ser,
Não muito programado.

A espera surpreende
Quando se tem capacidade
De viver o seu tempo
Sem saltar degraus e
E há coisas que até antecipa,
Quando o ponto de vista
É de preparação e não de demora.

O inesperado acontece,
Você aparece,
Os abraços lançam-se
Longos e mais perfeitamente
Depois da chuva de verão que
Arrefeceu o clima quente e
A ansiedade latente.

Nos próximos minutos inteiros
Há tantas entrelinhas
Que nessas linhas
Não se pode
Descrever,
É difícil.

Aliás, dificuldade que,
Nesse caso é boa de se ter,
Demonstra que esse todo
Vai um tanto além,
Muito além de
Textos, de palavras e frases prontas.

Sob a luz do sol da tarde,
O pouco que se torna muito,
Simplicidade que nos invade.


quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Dizer sem falar ...


Estou fazendo as malas,
Vou viajar para ver
Quem eu quero ter

Para sempre.

Entre uma parada e outra
A distância vai se transformando
Numa coisa que não sei descrever,
Como se a saudade continuasse a bater,

A porta quase por se abrir e
Por algum tempo,
Por agora sem medida,
Outro visitante habitará e
Tomará conta
Do lugar onde o músculo mais vital
Pulsa ritmicamente vida
Para todo o corpo.

Qual será o novo hóspede do meu peito?
Não é fácil definir,
É um misto de sentimentos,
Mas imagino simplicidade de verdade
Mesmo que não pareça ser, como

Desculpar,
Crer,
Esperar,
Suportar,

Abraçar sem dizer e
Dizer sem falar,
Falar com o olhar e
Olhar ao fechar
As íris.

Deve ter um nome específico,
Mas desnecessário explicar,
Quem me espera
Entende fácil.


quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Prelúdio ...


É um tanto difícil de descrever,
Mas se pudesse adiaria o fim daquele momento.
Sentados na mureta, no relento do vento,
Contentamento.

Se deitássemos
Como eu havia sugerido
A grama nos sustentaria,
Se impulsionássemos à frente nosso pé
O chão alcançaria.
Ficamos ali por vários minutos inteiros,
Parecia cena de filme e
Muito bem produzido aliás.

Fotografias em cores vivificantes ,
Verdes, campos, grama, inebriante,
Barracas coloridas, rodas
De vôlei, futebol, prosas, transeuntes,
idílico.

Como se estivéssemos na primeira fila
De um espetáculo,
Como se fossemos os câmeras guias
Da história,
Ao mesmo tempo protagonistas e
Sentinelas em um misto desse todo.

A trilha sonora mais constante
A todo instante,
Sua voz.

Eu falei do texto e
Tentei explicar o contexto,
O tempo impiedoso não esperou,
Mas contigo qualquer pouco é estimado
Como muito e todo muito
Como se fosse nada,
É uma medida completamente
Diferente, ou melhor,
Que não se pode medir.

Em minha voz rouca algumas
Interjeições saiam fragmentadas,
Disse me sentir estranho por isso,
Já a sua estava clara como
Sua tez de face,
Como sol de primavera,
Como o dia e
Se trata de um belo dia,
Daqueles que esperamos
Com ansiedade visível na mente,
Ainda antes de chegar.

Contagiado por sua presença
Seja ela física ou não e
Por todos os personagens desse
Agregado alcançado na prática,
Redijo, imagino, reescrevo com esmero,
Acredito, insisto, espero,
Aprecio
O que você
Me influência a dar forma.