terça-feira, 21 de julho de 2015

Um texto sem título ...



Porta rangente,
Som do vento, ventilador portátil barato,
Calor der novembro de país tropical.

Uma rosa caída, pus de lado, luz esmaecida,
Livros a torto e a direito são a primavera fresca e colorida
Desse pequeno quarto, terceiro andar.

Na escada passos para trás ou adiante,
Subordinados, ponderação, insubordinados,
Fiascos, tolices, berros, despudor.

Na sacada sem as mãos nas bordas,
Poeira em excesso, excremento de aves.
Sobem de soslaio com a barriga cheia
De petiscos lançados
De transeuntes na avenida lotada,

Adubo do verso, da rosa caída
Que cresce no muro do país tropical,
De primavera colorida.

Na parte sem sol,
A parte escura das vinte e quatro,
As torres em cruz da igreja matriz já iluminam,
Enxergam-me sempre pela janela,
Soergo o pescoço e devolvo o olhar
Um tanto fitado, fitante,
Por um inteiro instante,

Rogante, suave, leve e leva
A madrugada ilimitada,
Intercambiante, choramingando ante
A noite que tece seu principiar.

Fazendo as linhas de um título sem texto,
Isolado, amargurado
Por assim ser, outros não,
Acostumaram-se,

E de um texto sem título
Com um capitulo de uma pagina e meia,
Ora desconexo, ora inteligível,
Ora o elucidário posto de lado
Carece alcançar.

Outrora, mas a pouco os vidros da janela embaçaram,
Da temperatura da cabeça encostada,
Do ar quente da respiração,
Da chateza
Ignorada com a cortina pressionada
Em movimento circular.

Da pra escutar a conversa dos vizinhos
Do andar inferior,
Mas só se escuta claramente uma palavra ou outra,
Logo elas se embaraçam e
Tem-se poucas chances de desfazes o nó
No relento dos vocábulos,

No sereno sem resguardo, frio e
Fria misericórdia dos que passam olhando de canto
A quem dela tão precisando está,
Récita urbana diária, triste realidade,

Labutado ao braçal,
Sobre a terra molhada descalçada,
Chuva, sol,
Poeira dissipando no aguaceiro vertical
Do horizonte.

Me conte
Da tristeza que te esfria
Quando anoitece contra a vontade do seu dia,
Quando é noite,
E seus flashes sobreviventes iluminam
Sem querer do anoitecer,
E amanhece de repente como um presente?

Um comentário:

  1. São suas essas linhas viajantes Emerson, cara é de um valor inestimável, muito lindas, parabéns.

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