segunda-feira, 20 de março de 2017

Percepção ...



Ainda é verão,
Mas o outono invadiu
A estação.
Acha-se no direito
Está quase por nascer.

O dia perdura
Cinzento, arrefecido e
A garoa ecoa
Lá fora.
Por dentro
Ainda há sol
Sob a sombra nevoada.

Na praça neblinada
Dos seus olhos
Sua face umedeceu,
Percebeu
O alcance
Do seu sorriso,
É o que expressa agora
O seu olhar umedecido.

Sopre as nuvens do céu,
Limpe as nuvens dos peitos,
Do seu jeito,
Não deixe que anoiteça
Contra o querer do dia
A quem ante
Sua face passar,
Apenas
Sorria.



quarta-feira, 15 de março de 2017

Amanhecer ...



O sorriso de cada manhã
Nasce no horizonte
E vem o dia iluminar,

Idilicamente por instantes inteiros
Toma conta do que a urbanidade
Tomou conta.

Do riso inicial
A luz permanece e
Logo vai se indo,
Para em breve
Inteirar
Com seus halos
O recomeço, o amanhecer.

Direciona os passos
Escassos
E lentos,
Carecendo alento,
Alento de sua luz,

Alertando-nos do desafogamento
Do itinerário rotineiro
Inteiro.

Todo dia acontece,

A primavera florida
Invade o outono cinza
Do seu roteiro,
Aquece,
Tenta,

Mas semelhantes a uma
Quarentena,
Alimentada por uma fome
Inconscientemente
Escura,
Que não passa e
Sucumbiu olhos vivos,
Assim vivos
Não veem,

Arrefecidos e cegados
Muitos não enxergam
O sorriso do dia,
O fim de tarde aparece
E anoitece.

Dos olhos sãos
Exala gratidão,
Como revoada de verão,
Que de longe
Se ouve
Em cantos generosos
Preces vivificantes.

E amanhã,
Eu estarei
Blindado, hospedado, aconchegado,
Seu sorriso me alcançou.


terça-feira, 15 de março de 2016

Sinta-se visto disse-me ...



Depreendamos um
Dos cinco
Sentidos que fazem nascer tantas coisas,
Inclusive esse texto, o contexto, o todo e
Agora,
Nesta hora

Ainda que olhe sempre em sua janela
Não estivera
Quando de vagar passara eu.

Nunca fora aquele destino uma obrigação,
Existira outras escolhas e elas sem escolhos
Que carecesse dizer,
Devo ir além de cá ou devo ir além de lá.

Mas sempre que vou
De prontidão já sei bem a direção,
Embora nada marcado
Por vezes nos encontramos,
E os olhares próximos conversam mutuamente,
Exalam a necessidade humana de falar e
Ser ouvido.

E quando o emissor sabe receber e
Receptor consegue emitir,

Ah!

Essa reciprocidade transborda o
Que era pra ser apenas preenchido,
Mesmo que nada seja dialogado e
Somente as íris observantes narrem
O inesperado de fato e o esperado de sempre,
Que antes tentara por perceber,
Mas agora sente a reação da ação.

Daqui enxergo
E a única diferença que os separa é a do olhar
Que sempre parte de algum lugar,
Quando não da sua janela
Que se tornou seu querido posto, sua espera.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Culpa do sinônimo ...



Há reciprocidade
De saudade

Entre a terra,
O cultivador e a própria,
É um ciclo rotineiro que se faz,
Poetizado e vivificante.

E se um dia você ganhar uma
Dentre as mais belas
Foi por culpa do sinônimo.

Reciprocidade de um vestígio que invade e
Evapora mas
Não vai embora em
Nenhuma das horas,

Nem por um minuto inteiro,
Nem que eu me levante e
Faça rodeios

Com o corpo e de palavras,
Andando em voltas ou
Escrevendo, compondo, cantando
Com as notas.

E um a cada pouco
Os meus passos perdem força e
Minha voz arrefece
Envolto pela reminiscência do seu timbre
Que toma conta do lugar
Onde estou no momento,

Visto que não estou isento,

Ressoa dizendo-me,
Repito, no seu timbre,
Que o riso mais bonito é o riso do seu olhar.

É uma linha artística precisa
Inalcançável a aos olhos desatentos,

Por isso eu me concentro
Na simplicidade,
Nos gestos pequenos,
Esperançoso que anos depois eles ainda
Sejam alimento

Para continuar essa história que
Não se conta sem a sua presença

Invasora, inesperada e
Recíproca.

domingo, 29 de novembro de 2015

Cuja espera infinda ...


Se se converter a saudade em dia,
Se um dia o dia for a saudade,
Sim a própria,
Depois dessas noites límpidas estreladas
De primavera florindo para o amanhecer,
Que narra como um sopro de calma:
Novo, início, recomeço...

A vida estaria em outro lugar
E a saudade também seria um
Lugar,
Aquele em que estivéssemos povoando
Nesse espaço de tempo,
Cada um teria o seu,
Vários repetidos,
Mas cada um com sua
Profunda e minuciosa consideração.

Seria um dia feliz,
Até por que
Só do que é bom
Que se faz
Saudade.

Essa felicidade vem em pedaços,
Flocos,
Fragmentos que esvoaçam
E caem lentamente preenchendo
As horas de tal período,
Coisa pequena
Como pipoca no cinema ou
Passos ao seu lado com os dedos entrelaçados.

Cabe escolher a porção preferida,
Cada qual com a natureza
Que nasce da sua particular ação da vida,

E mesmo que o dia acabe
Não há pressa,
Não acaba,
Não interrompe-se, irrompe,
Você aparece, aquece
Varões frios e
Encanta de alegria a
Saudade do dia
O dia de saudade
Cuja espera infinda.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Me diga ...


Estava meio disperso,
Sentado do lado inverso
Dos músicos que ali soavam.

Desconfortavelmente acocorado,
Mas ao lado
De quem
Pegara a minha mão e
Dedicara a sua atenção,

Pôs em cima do suporte da cadeira,
Prendeu como numa cela e
As minhas unhas deixou todas amarelas,
Com uma caneta que marca texto,

Marcou um dia,
Um momento,
Eu tento
Mas não estou isento
De lembrar a cada instante,
E a cada flash de reminiscências
Mesmo em horas de inverno nebuloso
Meu dia fica um pouco mais brilhante,
Ante uma face
De primavera extemporânea que sorria.

Parecemos estar num lugar
Onde a fala tem se intensificado,
Como se estivéssemos sempre lado a lado,
Como se no seu abraço
Não houvesse espaço,
Nem tempo,
Nem medida,

Me diga,
Teria um nome esse lugar?
Ele seria o nosso lar.


sexta-feira, 31 de julho de 2015

O de repente que subitamente chegou ...



Alguns fragmentos de conversas.
Uns olhares, alguns alcançados e
Imaginara que outros tapados pelo bastião de transeuntes que havia ali.

Não sei se o seu olhar me procurara,
Mas o meu não te encontrara tão cedo,
Fora somente uma vez antes de ficar em evidência,
Onde só não te enxergara os com dificuldades na íris.

Os abraços?
Foram três!

Um mais raro que o outro.
Fora como um dia
Com sua manhã, tarde e noite
Em que cada um escolhe dele a melhor parte.

Dos abraços escolhi o mais demorado, apertado
Sinceramente e
Honestamente
Não sei quem dos dois foi mais fiel
Ao ser envolvido por sua pureza e simplicidade,
Mas veio de quem espero e espera de mim verdade.
Reciprocidade
Seria a palavra.

E fora meio inesperado,
Fora preciso aguardar o de repente que subitamente chegou
Com um suspiro de alívio,
Como algo que estivera marcado para acontecer, porém sem ninguém saber,
Ninguém,
Nem os vocábulos,
Nem os substantivos,
Apenas o verbo.
Sem nenhum inventário Ele sabe tudo
E vem com uma nova a cada pouco no meio do todo.

Sabe, parece que existira mutuamente, gratidão ali
E o coração pulsante dizia clara e constantemente,
Obrigado!
Ao inicio, meio e fim do dia e seus momentos,
Aos abraços raros e dentre eles o mais raro,
Onde um levara ao outro que levara ao outro e
Assim por diante.

E com a mala nas mãos,
A saudade no peito e um belo sorriso no rosto
Partiram cada um pro seu itinerário,
Onde pedindo nós ou não o dia vem mais uma vez,

Escolhamos dele a melhor parte e
Esperemos pelo de repente
Do novo abraço que em breve chegará.


(Verbo = A segunda pessoa da Santíssima Trindade)