terça-feira, 20 de maio de 2014

O Livro emprestado ...



Vou tira-lo de mim, em silêncio.
Silenciosamente despeço-me com um sorriso não contido,
é este que vou emprestar-te Senhorita, ele tem esse alcance sem a menor coação
junto ao emprestador e qualquer um o pode verificar,
é um reflexo condicionado por sua personalidade.

Sempre fica deste lado, o meu preferido da estante.
E quando o tomo em minhas mãos mais uma vez, como um salteador
vem escoimando-me de alguma falta,
ferve-me o cérebro e faz-me um cosmopolita sem que eu saia do meu cantinho.

Sabe Senhorita, morrera em mim qualquer desdém a esses bichinhos depois de inteirar-me, saborear-me, imergir-me nessa biografia e fora indisfarçável,
realmente todas as vezes que ocorrera algum encontro, sempre inesperadamente, fora meio insuportável ficar indiferente, não passara sem, de alguma forma, admira-los,
visto que antes não havia certa afeição entre nós (risos).
Não sei como soubera, mas sabia que ainda um dia iria entendê-los um tanto mais,
como um rascunho deixado para uso adiante.

Sei que não iras trata-lo como uma joia rejeitada, mas doar-se-á apaixonadamente.
E, muito embora, eu próprio, com minha percepção, formando de várias partes compus as linhas iniciais desta obra, esta, da sensibilidade que floresce da sua face,
sei, mas não sei como soubera da certeza desse sentimento, fora a elisão perfeita
compor + perceber + real + sentir, nem imagino como ficaria, mas deixemos imaterial,
a construção já diz por si só, creio não estar errado.

Senhorita, como um fio embebido de substancia inflamável, vou rastilhando-me por entre as linhas,
topando com a alegria e a cada pouco explodindo em felicidade,
só porquê quiseste também trilhar este caminho, estimado meu,
que vejo como uma capacidade de gerar emoção, pela especificidade que trás.

Com seu irresistível entusiasmo, logo, tão logo, estarás partilhando-me
da experiência com sua finura notável e visivelmente cabível.

Com o olhar umedecido dando ouvidos ao que expressas o teu canto,
feericamente em silêncio escutarei.


(Livro citado: Um gato de rua chamado Bob)



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