quarta-feira, 20 de março de 2013

Não facilitem, como dizia-nos Vovó!

Carece, sim carece tirar lá de fora antes que venha a chuva, as roupas do varal, decerto que ouviram-me né? Sempre disciplinadora, mas muito amorosa, sem penosidades. Persistentemente de quando em quando, dizia-nos Vovó, não facilitem! Estávamos já um atrás doutro enfileirados, ao ouvir sua recomendação, como se quisesse enfiar-nos no cérebro, não deem sopa ao infortúnio! E diga-se de passagem, o perigo está ai a espera dos imprudentes. E no meio sempre tem um netinho malsão, resultado disso é a preocupação, mas seria preciso ser de todo insensível para não ouvi-la. Numa carroça a transbordar de feno puxada por cavalos baios, berberes e brancos, aos brados eia, eia... dirigiam em direção das searas e ciprestes, com rochas, riachos e pássaros a voarem melodicamente . Saltava-lhe os olhos aquela cena. E quando eles (seus olhos) avistaram o regresso, gritou entre as janelas, a bandeja está a derramar de bolinhos de banana, fiz no fogão a lenha! A resposta não se fez demorar, com berros de contentamento, Vovó bem sabia ser este um ansiado alimento depois das farras dos netos. Ligeiramente se encontravam na cozinha, em forma de circulo e recitavam um para o outro com as bocas cheias, sem etiquetas, fragmentando as palavras, já se viu coisa mais simples! que beleza os gestos dela! em seguida o mais guloso balbuciou, se há um segredo a ca ... engoliu um pedaço de bolinho e continuou ... a causa e o efeito disso tudo bah!!! É que vamos Ama-la cada vez mais e mais. E sem saber como terminar a singela conversa, continuaram a comilança. Vovó suspirou vendo-os pelas frestas da casa madeirada, e percebera, meus netinhos conseguiram enxergar a fina arte de quanto há de belo no simples.

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